15 de out. de 2010

Caricaturas dos presidenciáveis

Com o objetivo de participar do concurso de ilustrações da Folha de São Paulo e do 2º Salão de Humor da FUNALFA, no início deste ano, fiz uma série de três caricaturas, que bem poderiam ser chamadas também de charges, por estarem relacionadas a fatos políticos da atualidade. No concurso da Folha não ganhei nada, mas no Salão da FUNALFA um dos três desenhos ficou com o terceiro lugar do concurso nacional.

Cada desenho mostra um dos três principais candidatos à presidência da república: Serra (que na época estava à frente nas pesquisas), Dilma e Marina. A idéia geral da série, batizada de REI MORTO, REI POSTO, é a seguinte: desde que visitei Brasília em 1999, fiquei com impressão de que o Brasil possui uma vocação monarquista meio inconsciente.

Esta vocação talvez seja herdada dos portugueses, que aguardaram durante muito tempo o retorno do Rei Dom Sebastião, morto em combate na África no século XVI, e que re-estabeleceria a honra e a independência do reino lusitano. Nesta figura mitológica, evocada por Antônio Conselheiro em suas pregações contra a república no Arraial de Canudos, talvez esteja o gérmem da eterna nescessidade que o povo brasileiro sustenta de um "salvador da pátria" ou de um "pai dos pobres" (o "rei bondoso"), que eventualmente surge, para euforia e posterior decepção das massas.

Brasília é uma cidade suspensa, aérea, étera, de espaços amplos e vazios, de atmosfera meio mítica, transcendente. A guarda do palácio do planalto ainda usa o uniforme dos Dragões da Independência, que era a guarda pessoal de Dom Pedro, primeiro monarca brasileiro.

O próprio presidente da república, no Brasil, acaba revestido de poderes que, de fato, estrapolam a esfera do executivo e o permitem estender seus tentáculos sobre o legislativo e o judiciário, seja com coações, barganhas ou alianças escusas. E não raro, um ou outro se agarra a idéia de permanecer no poder, às vezes por dois ou três mandatos, às vezes por 15 ou 20 anos.

Aí estão, portanto, caricaturados, os possíveis sucessores de Luiz XIV da Silva, (como o define um amigo meu). Exclua-se da trinca de reis virtuais a Marina Silva, já eliminada no primeiro turno. Cada uma das três majestades, como se pode ver, é definida por duas alegorias e uma cor predominante. Vamos eles.

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