21 de out. de 2010

REI MORTO, REI POSTO lll


Uma das alegorias da Marina é a própria Marina. Aqui ela é uma planta. Seu pescoço no desenho lembra o tronco de uma árvore e de seu corpo saem pequenos galhos quase desfolhados. Sua coroa é de espinhos, pois como diz um amigo meu, ela é uma candidata "de Jesus". O cinza manchado no fundo a coloca em contraste com o ambiente poluído e queimado contra o qual os ambientalistas lutam.

16 de out. de 2010

REI MORTO, REI POSTO II


Já que nunca tivemos uma rainha, busquei inspiração nas rainhas egípcias para representar Dilma. Sua pose no desenho é a mesma que vemos na figura clássica dos soberanos egípcios, que seguram dois ojetos cruzados sobre o peito. Aqui Dilma ostenta sobre o peito a foice e o martelo cruzados, símbolo mais conhecido do comunismo, e ninguém negará sua forte inclinação neste sentido. Sua coroa, inspirada na coroa dos imperadores brasileiros, sugere sutilmente a figura de um falo, já que todos conhecem a "macheza" da candidata, no melhor dos sentidos. Seu cabelo e suas feições lembram a Dilma ainda não "plastificada" para a campanha (que, diga-se de passagem, era menos assustadora que a atual). A cor predominante é o vermelho, mesmo que sombrio, como era também de se esperar.

15 de out. de 2010

REI MORTO, REI POSTO l


Serra está aqui representado com suas olheiras marcantes, seu sorriso vampiresco e suas orelhas de Nofesratu. Traz ao ombro um tucano (que na verdade são dezenas ou centenas), meio papagaio de pirata, meio corvo. As pontas de sua coroa estão meio flácidas (para não dizer brochas) e fazem lembram o chapéu de um bobo da corte. O fundo é azul, meio sombrio, como seria de se esperar. Este foi o desenho que ganhou o prêmio no Salão de Humor da FUNALFA, este ano.

Caricaturas dos presidenciáveis

Com o objetivo de participar do concurso de ilustrações da Folha de São Paulo e do 2º Salão de Humor da FUNALFA, no início deste ano, fiz uma série de três caricaturas, que bem poderiam ser chamadas também de charges, por estarem relacionadas a fatos políticos da atualidade. No concurso da Folha não ganhei nada, mas no Salão da FUNALFA um dos três desenhos ficou com o terceiro lugar do concurso nacional.

Cada desenho mostra um dos três principais candidatos à presidência da república: Serra (que na época estava à frente nas pesquisas), Dilma e Marina. A idéia geral da série, batizada de REI MORTO, REI POSTO, é a seguinte: desde que visitei Brasília em 1999, fiquei com impressão de que o Brasil possui uma vocação monarquista meio inconsciente.

Esta vocação talvez seja herdada dos portugueses, que aguardaram durante muito tempo o retorno do Rei Dom Sebastião, morto em combate na África no século XVI, e que re-estabeleceria a honra e a independência do reino lusitano. Nesta figura mitológica, evocada por Antônio Conselheiro em suas pregações contra a república no Arraial de Canudos, talvez esteja o gérmem da eterna nescessidade que o povo brasileiro sustenta de um "salvador da pátria" ou de um "pai dos pobres" (o "rei bondoso"), que eventualmente surge, para euforia e posterior decepção das massas.

Brasília é uma cidade suspensa, aérea, étera, de espaços amplos e vazios, de atmosfera meio mítica, transcendente. A guarda do palácio do planalto ainda usa o uniforme dos Dragões da Independência, que era a guarda pessoal de Dom Pedro, primeiro monarca brasileiro.

O próprio presidente da república, no Brasil, acaba revestido de poderes que, de fato, estrapolam a esfera do executivo e o permitem estender seus tentáculos sobre o legislativo e o judiciário, seja com coações, barganhas ou alianças escusas. E não raro, um ou outro se agarra a idéia de permanecer no poder, às vezes por dois ou três mandatos, às vezes por 15 ou 20 anos.

Aí estão, portanto, caricaturados, os possíveis sucessores de Luiz XIV da Silva, (como o define um amigo meu). Exclua-se da trinca de reis virtuais a Marina Silva, já eliminada no primeiro turno. Cada uma das três majestades, como se pode ver, é definida por duas alegorias e uma cor predominante. Vamos eles.

DIVINO HUMOR NEGRO


Na temporada da Fórmula 1 em 2009, um acidente me estarreceu. Não tanto pelas conseqüências, que não foram tão graves, mas pela maneira como ocorreu. Uma mola de metal soltou-se do carro de Rubens Barrichelo, a mais de 200 k/h, e acertou atesta de Felipe Massa, que vinha logo atrás. Felipe foi para o hospital inconsciente, mas se recuperou bem, embora o campeonato daquele ano tenha se encerrado para ele em decorrência do acidente. O capacete lhe salvou a vida.

Analisemos os fatos. Desde a morte de Airton Senna, não víamos um piloto brasileiro tão competitivo, com chances reais de conquistar um título mundial. Em 2008, Massa não ganhou por muito pouco, ficando em segundo lugar. Rubinho, por sua vez, nunca foi mais que um piloto mediano e ainda protagonizou uma cena vergonhosa e anti-esportiva, há alguns anos, sedendo a liderança da corrida para Shumaker nos últimos instantes.

Rubinho poderia estar aposentado, mas resolveu ficar mais uma temporada. Para quê ?! Para protagonizar mais esta cena sinistra. Tinha que sair do carro dele aquela mola que atingiu o Massa ? Isto só pode ser uma piada de humor negro do destino. Ou, para quem acredita nele, uma piada de humor negro inventada por Deus. Imaginei então o Todo Poderoso recebendo o diabo no céu para uma prosa descontraída, regada a gargalhadas e piadas sobre o destino humano.

12 de out. de 2010

ASSIM FALOU LULATUSTRA




Não farei mais a série de desenhos sobre as falas impressionantes do Lula. A tarefa já foi executada com grande competência pelo Marcelo Tass, no livro NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS, editado este ano, onde ele reune uma rica coletânea de pérolas do Presidente. Mas escolhi uma frase, dita por Lula naquele já distante 2009, como base para uma única charge, emblemática de sua vocação verborrágica. Pensei no título solene do livro de Nietszch, ASSIM FALOU ZARATUSTRA, e batizei a charge de ASSIM FALOU LULATUSTRA.

Pois bem. No auge da crise econômica de 2009, Lula disparou: "...é uma crise causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis...”. Cheguei a ler cartas indignadas nos jornais, de leitores brancos, de olhos azuis, argumentando que isto seria uma espécie de racismo ao contrário, contra os brancos. Eu não diria tanto, mas acredito que esta seja uma das frases mais surpreendentes e polêmicas dita pelo Presidente.

No livro de Nietszch, o personagem Zaratustra desce da montanha onde esteve refletindo e filosofando por décadas, para proclamar suas verdades e revelações aos homens supostamente inferiores. Lembrei de uma frase impublicável e infame, carregada de preconceito e racismo, dita muitas vezes no cotidiano como forma de piada sobre afro-descendentes. Adaptei a frase e a coloquei na boca do meu LULATUSTRA, que em vez de descer, sobe nos saltos e na montanha para proclamar: "Branco, quando não faz crise na entrada, faz crise na saída.”

Ói nóis aqui, travez !

Estive cinco meses ausente ! Só agora me dei conta de que a última postagem é de 05 de maio. Mudança de casa, novos trampos e projetos me deixaram distante do blog e dos desenhos livres. Mas tô de volta, cheio de gáz para botar a conversa em dia e encerrar 2010 concluindo uma série de trabalhos ainda em aberto.

Para começar, aí vão os dois últimos desenhos da série O MUNDO É UM PANDEIRO, que compuseram a exposição feita no Pró-música, em abril deste ano. Tentei publicar os 16 desenhos, com seus respectivos textos reunidos em livro, através de um projeto da Lei Murilo Mendes. Mas o projeto foi desclassificado por que o documento de comprovação da minha residência não foi aceito.

Pretendo editar o livro assim mesmo até o final do ano, de maneira independente. Será uma edição limitada, com pouquíssimos exemplares feitos artesanalmente, como fiz com a primeira edição de O IMPERADOR DE PASÁRGADA. Aviso quando estiver pronto. Para o dia do lançamento, farei uma nova exposição de desenhos entitulada: EU NÃO MORO EM JUIZ DE FORA.