14 de jul. de 2009

O Papa na África

Essa charge veio com muito atraso, pois tive que interromper o trabalho com ela para terminar a dissertação de mestrado e fazer os desenhos para a exposição do Marquinho Pimentel, além de homenagiar o Michael Jackson. Mas nasceu... E de qualquer forma, o fato passou, mas o tema continua polêmico.

A AIDS na África é um problema particularmente grave, todos sabemos. Em março deste ano o Papa esteve naquele continente e, na viagem em direção a Camarões, em entrevista a jornalistas, defendeu que os fiéis abandonassem o uso de camisinha e optassem pela castidade, pela abstinência e pela fidelidade no matrimônio, como formas de se evitar a AIDS. Será que alguém deu ouvidos ? Se todos por lá conseguirem ser castos, abstêmios e fiéis ao mesmo tempo, o que acho pouco provável, a estratégia pode dar certo. Caso contrário, segundo especialistas em saúde, o negócio pode complicar.

Sempre achei que o Papa tem uma certa semelhança física com o nosso saudoso Chacrinha. Não pude deixar de lembrar daquela marchinha do Velho Guerreiro, um verdadeiro serviço de utilidade pública que deveria ter sido encampado pelo ministério da saúde: "Bota a camisinha, bota meu amor. Hoje tá chovendo, não vai fazer calor." Imaginei o Papa, com a cartola na cabeça e o telefone na barriga, a moda de Chacrinha, pregando o contrário para os africanos: "Tira a camisinha, tira meu amor. Hoje não tá chovendo, e vai fazer calor."

O Papa chegou a ser acusado de estar propagando formas medievais de compreensão do mundo. Injustiça com ele ? Não sei. Por via das dúvidas, abandonei a idéia de desenhar o sumo pontífice banhado pelo escaldante sol africano e preferi desenhá-lo sobre o cenário da pintura medieval de um Cristo Pantocrator, hoje exposto no Museu de Arte da Catalunha, que possui um dos maiores acervos de pinturas medievais da Europa. Retirei a figura do Cristo e inseri o Papa, com os adereços do Chacrinha. Os traços das mãos, dos pés e da batina branca, reproduzem também os traços característicos da figura do Cristo original existente na pintura. Ou seja, já que o "meio é a mensagem", como diria Mc Luhan, nada melhor do que um estilo medieval, para expressar idéias medievais.

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