15 de ago. de 2011

Frankstein Contemporâneo (uma imagem nefanda)


Depois de alguns meses ausente, volto a postar no blog. Muitas idéias e projetos acumulados no período. Pretendo colocar o trabalho em dia nas próximas semanas.

Terminei esta imagem semana passada e fiquei reticente em publicá-la. Na verdade, não estou ainda satisfeito com o resultado. É uma imagem que me causa uma angústia muito grande e comecei a avaliar se a insatisfação que sinto com o resultado não seria uma resistência minha ao seu conteúdo tóxico. Fiz e refiz este troço umas vinte vezes, com várias técnicas, materiais, opções de cenário, cor, elementos gráficos, etc... e isso foram três ou quatro meses. Mas chega uma hora em que é preciso colocar um ponto final. E aí está.

Trata-se de uma referência ao assassino das crianças no colégio de Realengo, tragédia ocorrida em abril deste ano, no Rio. A coisa me pareceu tão brutal e inexplicável, que fui obrigado a procurar uma imagem que me ajudasse a digerir e compreender esta loucura, que antes parecia exclusiva de psicopatas americanos e fanáticos orientais.

Acabei imaginando o assassino como uma espécie de Frankstein cibernético, cujo corpo seria construído de fragmentos do imaginário contemporâneo, absorvidos via tecnologias da comunicação (TV, internet, celular, etc). Ali temos fanatismo religioso, idealizações de pureza ascética, pornografia, banalização da violência, armamento indiscrinado, enfim, um caldeirão de ingredientes potencialmente explosivos. Só para lembrar, o monstro de Frankstein da história original foi construído por um cientista a partir de pedaços de diversos cadáveres costurados.

Busquei as fotos do assassino, divulgadas após sua morte, em que ele aparece na sala de sua casa apontando um revólver contra a própria cabeça e outros dois revólvers contra inimigos invisíveis a seu lado. No desenho, ele aponta sua arma para uma pequena e indefesa rosa, caída no chão.

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