8 de abr. de 2010

QUEM É O CARA ?




A foto dos chefes de Estado do G20, reunidos em Londres para discutir medidas de solução para a crise econômica no início de 2009, foi mais um fator de exposição positiva para o presidente Lula, colocado diretamente ao lado da anfitriã, Rainha Elizabeth. Embora o cerimonial do palácio afirmasse que tal honraria é sempre reservada ao chefe de Estado com maior tempo de governo, muitos viram o fato como mais uma evidência do prestígio e do poder de influência do líder brasileiro junto a comunidade internacional.

Eu vi diferente. Acredito que todo chefe de Estado, em certa medida, é meramente o símbolo, a imagem encarnada de um processo ou de uma situação que necessariamente o transcende. Embora eu reconheça que isso não seja pouco, pois nem todo mundo tem vocação pra ídolo das massas, acho que todo líder carismático é isso: uma Rainha da Inglaterra. E será tão mais Rainha da Inglaterra, quanto maior for o mito que construir para se próprio.

Portanto, Lula está realmente muitíssimo bem colocado na foto. Não haveria posição mais justa. E por um átimo de segundo não consegui distinguir quem era a majestade e quem era a excelência. Assim coloquei a cabeça de Lula em Elizabeth e a cabeça de Elizabeth em Lula. Simbioses do poder.

Optei pela colagem fotográfica das cabeças, pensando nas lições de semiótica da faculdade de comunicação. O desenho caricatural das figuras poderia suprimir a contundência que eu desejava para a idéia. A foto é o próprio atestado da pré-existência do objeto (ou, pelo menos, assim é normalmente vista pelo público). Isso aumenta o poder de subversão da imagem, quando deslocamos o objeto, via fotografia, do seu lugar convencional.

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